sábado, 26 de janeiro de 2008










A Mitologia
e a
Arte Grega

Sumário

Sumário


Introdução




1) Zeus, o mito e o governante do Olimpo...pág
1.1) O deus consagrado pelos homens...pág
1.2) Zeus, o mito...pág
1.3) Os mitos antecessores...pág








2) A construção do Olimpo...pág
2.1) Zeus e suas famílias...pág








3) A mitologia e a arte...pág
3.1) Uma visão da cerâmica...pág






3.2) A era de Fídias...pág
3.3) O Panthernon...pág
3.4) A era de Praxíteles...pág
3.4) A geração pós Praxíteles...pág










Conclusão...pág


Notas...pág


Bibliografia...pág

Introdução

Este trabalho tem por objetivo fazer um levantamento das lendas que fizeram erguer monumentos artísticos belíssimos e maravilhosos conjuntos arquitetônicos na Grécia.
Em sua forma mais estratificada a mitologia grega, além de ser uma das manifestações mais fascinantes de sua civilização, têm uma importância capital para o conhecimento da pré-história, do sentimento religioso, dos princípios éticos, da mentalidade e da instituição desse povo. Com efeito, sem dúvida alguma, os deuses e heróis que aparecem nos mitos espelham, em geral, o modo de pensar e de agir dos habitantes da Grécia.
Invertendo a frase bíblica, podemos dizer que os homens criaram seus deuses a sua imagem e semelhança, acrescentando-lhes a imortalidade e a onipotência, sem as quais seriam criaturas humanas e não divinas.
Um dos aspectos mais notáveis da mitologia grega é a atitude mais irreverente dos seus criadores, revelando a altivez dos gregos e seu espírito igualitário que os levaram a disputar lado a lado com os deuses suas qualidades e, também, seus defeitos. Os deuses grego apaixonavam-se pelos mortais, odiavam-nos e, até mesmo,
aliavam-se a eles .E de certo modo essas atitudes não nos causam espanto, pois os deuses gregos eram diferenciados dos humanos apenas pela imortalidade e onipotência, qualidades almejadas pelos homens.
A promiscuidade dos deuses é o que dá um encanto todo especial à mitologia grega, “cujo conhecimento proporcionam uma fruição maior da cultura desse povo privilegiado em vários de seus aspectos”.
Não havia na Grécia uma classe sacerdotal organizada e todo-poderosa, como no Egito, para cuidar dos “assuntos religiosos”, nem mesmo “livros sagrados”, portanto, os poetas eram, na verdade, “teólogos” da mitologia. Este fato justifica as diversas versões para uma mesma lenda e as variantes na mesma versão. Algumas versões foram modificadas por mera ordem estética e algumas foram alteradas pelos “oráculos” em seus próprios interesses.
Outro fator modificador das lendas foi a rivalidade entre as várias regiões da Grécia antiga, todas desejosas de aparecerem como pátria dos deuses e palco de suas aventuras.
Os poetas posteriores a Homero também alteraram, e muito, as lendas gregas, pois o tempo diminuiu a santidade dos mitos. Isso não significava, porém, que esses mitos tivessem deixado de ser “expressões sacrossantas da religião oficial” e, ao contrário, em 399 a.C., Sócrates foi condenado à morte, executado ao tentar, entre outras coisas, introduzir divindades em Atenas.
Para agravar ainda mais o problema das variações em torno dos mitos(1) e das lendas(2), as obras dos mitógrafos gregos, conservadas até hoje são de datas relativamente tardias, sofrendo diversos tipos de influências. Não são fontes fidedignas por estarem distanciadas da tradição religiosa.
Mas, apesar da dificuldade de ser estudada, a mitologia grega é um assunto de tal maneira fascinante que resiste a problemas formais, sem sofrer desgastes em sua essência.
Este trabalho divide-se em três partes, que na verdade são duas:
- A primeira e a segunda parte fazem uma apresentação analítica das lendas mitológicas;
- A terceira parte apresenta uma visão geral de cada uma das eras da arte grega acompanhada de obras de arte, pesquisas e análises pessoais sobre a mesma.
Este é um trabalho de pesquisa e análise, não significando, entretanto, que o presente trabalho consista basicamente em cópia de trabalhos ou livros editados e, ao contrário, os trechos retirados de forma integral encontram-se entre aspas. Estão entre aspas também os termos usados na função conotativa.
É importante não esquecer que, por terem as lendas mais de uma versão, a opção foi feita pela versão mais conhecida.
Árvore genealógica de Zeus
Urano e Gaia tiveram 12 filhos:
Oceano, Hiperion, Crio, Coió, Crono, Rea, Febe, Mnemosie, Teia, Temis e Tetis.
Da união de Crono e Rea nasceram:
Demeter, Hades, Hera, Poseidon, Hestia e Zeus.

1- -Zeus O DEUS E GOVERNANTE DO OLIMPO

Primeiramente havia o CAOS, uma forma vaga, indefinível, indescritível, onde todos os princípios dos seres humanos se misturavam e se confundiam. Caos era uma divindade rudimentar, capaz de gerar sozinha. Gerou primeiro a noite e depois Ébano que se casaram.
Dessa união nasceram Áiter ( o Éter) e Hemera (o dia).
Caos, sem se unir a divindade nenhuma, gerou tudo quanto é doloroso no mundo: Hipos (o Sono), Ôneiros ( o Sonho), Momo (o sarcasmo acrimonioso), as Hespérides (guardiãs do pomo de ouro), Gera ( a Velhice), Apate ( o Engano).
Gaia é a deusa que nasce imediatamente após o Caos e, também sozinha, gera Urano.
A partir da união entre Caos e Gaia, a fecundação deixa de ser “mágica”, aproximando cada vez mais homens e deuses.
A cada nova geração de deuses são acrescentadas mais características humanas e as características divinas vão desaparecendo até se reduzirem à onipotência e imortalidade.
Seguindo essa linha de pensamento, podemos dizer que muitos deuses foram “reis do universo”, entretanto, nenhum poderia se fixar se não fosse humano o bastante para atender o desejo dos homens em ter como divindade-governante um homem com algumas características divinas.
Zeus se torna o deus-governante do mundo material e espiritual por ser ele o deus que possui característica humanas sem deixar de possuir os “dons especiais” dos deuses.




1.1- O deus consagrado pelos homens


Todas as sociedades primitivas criaram deuses para explicar os fenômenos da natureza e, por ser a sociedade grega a mais humanizada da era pagã, criou deuses os mais próximos possíveis da sua realidade.
Como pudemos constatar na árvore genealógica de Zeus, e mesmo no item anterior, existiam deuses antecessores, entretanto Zeus foi consagrado como deus maior da mitologia grega. Tal fato é facilmente explicado por Platão quando diz que quatro gerações são necessárias para apagar um mal feito.
Passando as leis dos homens para a criação dos deuses, poderíamos dizer que a deusa Gaia era uma divindade totalmente suprema aos homens, pois do nada foi criada e do nada criou.
O único pecado de Gaia foi também o mais grave: Estar tão acima dos homens que de ninguém precisaria para nascer ou conceber, para a sociedade grega um pecado imperdoável e inconcebível. Quatro gerações(3) sucederam-se para “humanizar” os deuses e “apagar” sua total supremacia.
Antes de Zeus as divindades poderiam estar em todos os lugares ou em lugar nenhum. Zeus constitui e organiza as ordens divinas, estabelecendo no Olimpo uma hierarquia social muito parecida com a vigente na Grécia.




1.2- Zeus, o mito


Conta a lenda(4) que Zeus nasceu em Arcádia e que foi criado em Creta, onde Rea, sua mãe, o deixou aos cuidados dos Curentes(5) e das Ninfas(6). Lá, sua ama de leite foi a cabra Almatéia, que, numa variante da lenda, era uma Ninfa. A pele dessa cabra, depois de morta, serviu de proteção a Zeus sob o nome de Égide. No mesmo local as abelhas alimentaram o Zeus-menino.
Chegando à idade adulta, Zeus resolveu conquistar o poder até então exercido por Cronos. Com esse objetivo, consultou Metis(8) que lhe deu uma uma droga mágica que faz com que Cronos vomite os filhos de Rea, engolidos logo após terem nascido. De volta à vida, seus irmãos contribuem decisivamente para a vitória de Zeus(9).
Sobre os seus “dons divinos” podemos dizer que Zeus é especialmente o deus da luz, do céu e dos raios, mas assemelha-se de um modo geral com o céu e os seus fenômenos (na tríade em que Apolo se identifica com o sol e Posseidon com o mar). Zeus era o filho mais novo do titã Cronos e de Rea e um dos deuses olímpicos.
Fazendo uma pequena observação sobre o texto acima podemos, de imediato, notar que três fenômenos da natureza são explicados pela presença de deuses:
- Os fenômenos do céu (a chuva, os raios...) são atribuídos a Zeus;
- O nascimento do sol, que sempre fascinou os povos primitivos, foi explicado na Grécia pela presença de um deus que o coloca e o retira do céu;
- A revolta dos mares (as ondas, os maremotos...) também é atribuído a um deus.




1.3- Os mitos antecessores


a) Gaia


Personificação da terra como gerador das raças divinas. A terra fecunda, gera todas as sementes de onde nascerão todos os deuses olímpicos.
Nascida imediatamente após Caos gerou sozinha:
- Urano (o céu) que a cobriu;
- as montanhas;
- Ponto (o mar).
Depois se unindo a Urano, gerou os deuses propriamente ditos.
Sobre esse parágrafo de Gaia podemos dizer que, primeiramente aparecem, como nas outras culturas primitivas, a deusa Terra, o deus Céu e o deus Mar. O que difere os deuses gregos dos demais é que na Grécia eles possuíam uma personificação.


b) Urano


O céu personificado. Filho e esposo de Gaia, com a qual teve numerosos filhos. Gaia, cansada de procriar, pede proteção aos filhos contra a insaciabilidade amorosa de Urano.
Cronos, o filho mais novo, é o único a concordar e, armado com uma foice, arruma uma emboscada, castra-o e lança os seus testículos ao mar.
O sangue saído do ferimento cai sobre Gaia fecundando-a e dando origem às fúrias.
Sobre a lenda de Urano, pode-se dizer que foi a primeira vez que é atribuído aos deuses atitudes e sentimentos tipicamente humanos tais como raiva, vingança, furor sexual.
Temos sobre essa lenda a censura feroz de Platão quando diz ser o episódio uma invenção do poeta Hesíodo e, mesmo que fosse verdade, não deveria ser divulgado, pois “denigre a imagem dos deuses perante aos homens”.




c) Cronos


Filho de Urano e Gaia. Pertence à raça dos titãs. Após ferir seu pai, destrona-o, passando à condição de rei dos deuses e senhor do mundo. Cronos casou-se com Rea, sua irmã e, na sua onisciência, sabia que seria destronado por um de seus filhos, logo após o nascimento. Rea, sentindo o nascimento de Zeus, resolve dar à luz às escondidas.
No outro dia deu uma pedra envolvida em fraldas para o marido.

2- A construção do Olimpo

Poderíamos dizer que à partir de Zeus inicia-se um novo capítulo na mitologia grega, porém, após uma exaustiva pesquisa, chega-se à conclusão que Zeus iniciou toda a mitologia e que todos os deuses e deusas anteriores forjam apenas o seu passado.
Nenhum deus possui uma lenda significativa a não ser que esteja ligado diretamente a Zeus. Nem mesmo os dicionários mitológicos registram muito mais que seus nomes, filiação, matrimônios e sua prole.
Sobre a união dos deuses, também podemos notar que cada um dos deuses primitivos só contraiu um matrimônio, enquanto Zeus casou-se seis vezes e teve incontáveis uniões ilícitas.
É importante notar que, dos doze deuses, filhos de Urano, apenas Cronos, pai de Zeus, possui uma lenda substancial registrada na maioria das fontes consultadas. Aos demais filhos de Cronos só é permitido ter uma lenda substancial em torno de Zeus, uma vez que é o único que “escapa” de ser engolido e ainda liberta os irmãos, portanto, não há nem mesmo vida para os demais filhos de Cronos até que Zeus chegue à idade adulta.
Zeus, após uma série de lutas, estabelece-se firmemente no poder e inicia uma nova geração, a geração Olímpica.


2.1- Zeus e suas esposas


A primeira esposa de Zeus foi Metis, cujo nome significa Prudência. Filha de Oceano e Tetis, pertencia à geração pré-olímpica.
De Metis deveriam sair, por vontade do destino, os filhos mais sábios dentre todos, entretanto, deveria dar a luz a um deus que seria rei dos homens e dos deuses(10). Zeus, prevenido por Urano e Gaia, engole a mulher grávida. No momento do parto, Zeus deu ordens a Hefesto (deus do fogo) para fender-lhe a cabeça ao meio e dela saiu a deusa Atena que, por estar dentro de Zeus, conhecia o que significava felicidade ou infelicidade para o deus.
A segunda união de Zeus foi com Temis, que foi mãe não só das Horas: Eunômia (disciplina), Dike (justiça) e Eirene (paz), “que velam as obras dos homens mortais”; como também das moiras: Cloto, Sáquesis e Átropos, “que sozinhas dão aos homens mortais a felicidade ou infelicidade”.
Eurídone, filha de Oceano, “deusa de sedutora beleza”, deu ao deus três filhas (as Graças ou Cárites): Aglaé, Eufrosia e a amável Tália.
Zeus sucumbiu, também, no leito de Deméter. Esta concebeu Perséfone que, na versão mais conhecida de sua lenda, foi raptada por Hades (deus do “inferno”)(11). Deméter, transtornada com o desaparecimento da filha, perambula por toda Grécia à sua procura. Comovido com o desespero de Deméter, Zeus dá ordens para que Hades a devolva, porém já era tarde, pois Perséfone já havia quebrado o jejum do inferno (12) comendo um grão de romã. Em uma tentativa conciliatória, Zeus decide que a deusa deveria passar parte do ano no “reino dos mortos” e outra parte com sua mãe.
Amou ainda Mnemosine, “a deusa dos belos cabelos” e foi dela que nasceram as nove Musas “de dourada fronte”, que se divertem “com a alegria de cantar e dançar”.
À procura da mulher ideal, Zeus uniu-se a Setó (deusa da geração mais antiga – filha de Caio e Febe). De Setó nasceram Apolo e Artemis que, segundo o poeta grego Hesíodo, “são os mais maravilhosos dentre os descendentes de Urano”. Apolo era patrono da profecia, da arte de usar arco e flecha, da juventude e da medicina, sendo também deus da claridade e aparecendo às vezes como a divindade protetora dos rebanhos. Ártemis, irmã gêmea de Apolo, a exemplo de seu irmão, manejava perfeitamente o arco e flecha.
Após tantas uniões, Zeus uniu-se a Hera que, por amor, tornou-se sua derradeira esposa. As relações de Hera com Zeus caracterizavam-se por ciúme doentio e feroz. Desta união nasceram Hebe (deusa da juventude), Ares (deus da guerra, “sedento de sangue e ansioso por carnificinas”) e Ilíadia (“divindade protetora das parturientes”). Em uma relação amorosa com Zeus, quando Cronos ainda era o rei do universo, a deusa concebeu Hefesto.
Logo após o seu nascimento, Hefesto foi entregue a Cedalion (um habitante da ilha de Maxo) para aprender com ele a arte de trabalhar com metais.
Zeus teve também inúmeras ligações ilícitas das quais nasceram vários deuses e heróis.

3-A mitologia e a arte

Os antigos gregos, seja pelo idioma, ou pela religião, consideravam-se diferentes dos outros povos, atribuindo o nome de Helena aos habitantes da Grécia Central e Bárbaros àqueles que não falavam grego.
O culto ao belo da perfeição humana observa-se em todos os aspectos da arte grega e pode ser retratada na frase do filósofo grego Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”. Essa busca incansável daqueles que seriam os cânones ideais de uma sociedade, se apresenta na concepção da figura dos deuses. Formalmente perfeitos, porém com características da personalidade humana, com seus adjetivos e pejorativos.
A mitologia e a arte caminhavam juntas desde a sua formação, com exceção da fase geométrica da cerâmica.
No início a arte grega estava um tanto quanto impregnada pela arte egípcia e as suas formas rígidas ainda apareciam na pintura das cerâmicas e até mesmo nos Kouros e Kourés (esculturas oferecidas aos deuses). Aos poucos, a pintura de cerâmica começa a ganhar movimento, surge então, paralelamente, as esculturas de deuses que combinavam, harmoniosamente, a rigidez egípcia e a liberdade criadora, característica da obra grega.
A liberdade criadora grega chega ao seu apogeu com a libertação total da expressão, da forma e do trato anatômico que era conferido a sua estatuária.

3.1- Uma visão da cerâmica


Antes do “descobrimento” de Pompéia, a única maneira que tínhamos para conhecer a pintura grega era através da cerâmica. A pintura desses vasos passa por três fases: geometrizante, figura negra e figura vermelha.
Em Atenas, desenvolveu-se uma importante “indústria” de pintura e os humildes “operários da cerâmica” introduziram as mais novas técnicas e as mais recentes descobertas em produtos.
No século VI a.C. ainda encontramos vestígios egípcios.
Nesse vaso de figuras negras vemos os heróis de Homero(Aquiles e Ájax) jogando dados. As figuras ainda são mostradas de perfil e com os olhos de frente, entretanto, seus corpos não apresentam mais a mesma rigidez.

3.2- A era de Fídias

Os artistas eram os “operários da arte” e estavam reunidos na classe mais humilde da sociedade grega, entretanto, em 480 a.C. Péricles os trata como iguais. Dois foram os homens cuja missão foi prestar homenagens aos deuses: o arquiteto Ictino e o escultor Fídias.
As obras que consagraram Fídias( a Palas de Atenas e o Zeus em Olímpia), perderam-se irremediavelmente, porém os templos onde foram colocados ainda existem e, com eles, algumas decorações.
Na figura acima temos uma parte da métope do templo mais antigo, o templo de Zeus em Olímpia, que foi iniciado por volta de 470 a.C. Na métope do templo estavam representadas as façanhas de Hércules e esta ilustração mostra o episódio em que o herói foi mandado colher os frutos das Hesperias. Sendo a tarefa difícil demais até mesmo para o herói, pede para Atlas (deus que sustentava o céu nos ombros) para realizá-la. Atlas concorda desde que Hércules assumisse seu fardo. O relevo mostra Atlas retornando com os frutos nas mãos e entregando-os para Hércules que sustenta o céu com umaalmofada nos ombros, colocada por sua protetora Atena.
Fídias preferiu mostrar figuras em atividade sóbria, de frente ou mesmo de lado. As figuras apresentam-se com vestígios de arte egípcia, entretanto, podemos observar que já não representam mais obstáculo para a liberdade criadora do artista que começa a explorar as principais articulações da anatomia humana e formar sua “imagem conveniente”. As vestes são utilizadas para marcar as principais divisões do corpo.
A fusão entre o hermetismo e a liberdade criadora faz o equilíbrio da arte grega que as fizeram admiráveis durante séculos.

Atena de Fídia


3.3 – O Pathernon


Dos originais gregos que chegaram até nós, “as esculturas do Pathernon refletem a liberdade criadora como maneira mais digna de admiração”. O Pathernon foi iniciado em 450 a.C., vinte anos após o templo de Olímpia e, nesse espaço de tempo, os artistas já tinham resolvido muitos dos problemas de desenvoltura convenientes às representações. A não indicação do artista que fez a sua decoração e, como fora Fídias que fez a estátua de Atena do santuário, também a ele atribuiu-se as decorações.
No relevo mostrado, temos um friso que corriaa em toda parte superior interna do templo e representava o desfile anual na festa solene à deusa Atena. O relevo está seriamente danificado, apresentando quebras em sua superfície e a cor de seu fundo desapareceu.
Os gregos pintavam não só o fundo de seus relevos como também seus templos com cores contrastantes como, por exemplo o vermelho e o azul.
Conseguimos notar nesse relevo, apesar de estar danificado, que as figuras que mais se destacam são os cavalos. Seus ossos e músculos são mostrados sem que pareçam rígidos. Encontramos a mesma perfeição nas figuras humanas que se movimentam com liberdade e têm seus músculos em destaque e as poucas vestes aparentam transparência e leveza.
Todas as obras gregas desse período, que se inicia no ano 450 a.C. mostram que os artistas estão descobrindo a liberdade de criação e representam corpos em qualquer posição de movimento e expressão.

3.4 – A era de Praxíteles

No mundo grego do século V a.C. destacava-se como artistas maior Praxíteles, consagrando-se sobretudo pelo “encanto de sua obra, a doçura e o caráter insinuante de suas criações”.
Imagina-se que a obra acima, descoberta no templo de Olímpia, teria saído de um original feito por suas mãos, mas não podemos fazer disso uma afirmativa porque a escultura que chegou até nós pode ser uma cópia em mármore saído de um original em bronze.
A escultura representa o deus Hermes segurando e brincando com o jovem Dionísio.
Na obra de Praxíteles, todos os vestígios de rigidez desapareceram e suas representações apresentam-se “numa postura solta e descontraída, que não prejudica a sua dignidade”. O artista também se preocupa em mostrar as articulações corporais, porém sem rigidez alguma, dando movimento às suas criações. Consegue mostrar os ossos e músculos sob um corpo macio e cheio de vitalidade, “ em toda a sua graça e beleza”.
É importante não esquecer que, apesar de os artistas gregos “começarem por copiar a aparência de um homem real”, o embelezavam omitindo os traços que não harmonizassem com a idéia de corpo perfeito”.
As obras de arte desse período, mostra seres humanos de um mundo belo e “superior”.
Muitas das mais famosas obras que chegaram ao nosso conhecimento são cópias ou variantes de estátua originalmente me bronze.

Ideal de beleza


Esta segunda escultura é Apolo de Belveder, que representava o corpo ideal do homem grego.

3.5 – A geração Pós-Praxíteles

A geração que se seguiu a Praxíteles começa gradualmente a animar as feições do rosto. Sem distituir a belez, começam a captar o “caráter particular da fisionomia”.
No século IV, mais especificamente na época de Alexandre, o escultor de destaque era Lisipo, “o mais célebre artista da época e cuja fidelidade ao natural espantava os seus contemporâneos”.
O problema que os estudiosos encontram em analisar retratos antigos é não ter outra fonte fidedigna para usar como comparação. Se fosse possível fotografar o imperador Alexandre, chegaríamos à conclusão de que ele é muito diferente de sua escultura. Alguns historiadores acreditam que a escultura de Alexandre se assemelha mais a um deus grego do que com o conqistador que era.

Estátua de Laaconte

Esta escultura apresenta uma cena descrita em Eneida, de Virgílio: Cena em que Laocoonte, após vir do cavalo de madeira, é castigado pelos deuses, que viram ameaçados seus planos de destruição de Tróia.
Os deuses enviam serpentes gigantes que o esmaga junto com seus filhos.
Se observarmos a escultura com atenção podemos notar que o artista utilizou-se de contorções musculares e expressões faciais de dor para dramatizar a cena.
Neste momento, a arte já aparece desvinculada da religião. É a arte pela arte. E “os artistas estavam mais interessados nos problemas especiais de seu ofício do que pôr a sua arte a serviço de uma finalidade religiosa”.

Conclusão

Após uma série de leitura e estudos, chegou à conclusão de que é muito difícil traçar um só perfil sobre os deuses ou mesmo sobre o seu deus maior, Zeus.
Nas inúmeras obras de poetas gregos o “deus maior” aparece com muitas faces: a do deus justo, capaz de promover a harmonia cósmica; o vingativo que faz de tudo para derrotar os inimigos, usando para isso métodos pouco ortodoxos; e o deus interesseiro que protege apenas aqueles que lhe prestam oferendas. Sobre todos esses “Zeus” concluímos que ele é um deus-humano, com seus vícios e virtudes.
Todas as manifestações artísticas da Grécia estão intimamente ligadas aos homens e suas leis. O apogeu, por assim dizer, da humanização da cultura grega foi o período helenístico, quando os deuses assumiram totalmente posturas dos humanos.
É importante lembrar que mitologia e arte têm movimentos de ascensão contrários e paralelos. Isto é, quando a mitologia está em ascensão, o artista é mero operário da arte, quando o artista ascende, a mitologia deixa de estar em seu foco principal.
A arte greco-mitológica pode ser dividida em três fases:
- A primeira ainda incorpora traços da rigidez egípcia, o que não nos causa nenhuma estranheza, pois toda arte começa seguindo modelos anteriores;
- A segunda fase poderíamos chamar de clássica, pois foi a época em que os deuses estão no apogeu. As formas rígidas começam a ganhar movimento e, para mim a fase mais fascinante, tanto na parte mitológica, quanto nas artes, pois convivem juntas a rigidez e a liberdade criadora. A humanização dos deuses e as críticas de Sócrates (divulgadas pelo seu discípulo Platão), caminham lado a lado.
- A terceira e última fase, cultua os homens ou os deuses-humanos. É também a arte pela arte, isto é, antes de cultuar deuses ou heróis, cultuam a sua arte. Até mesmo os poetas passam a escrever sobre as artes e sobre a vida dos artistas que, nas eras anteriores eram comparados a operários e pertenciam Às camadas mais humildes da sociedade grega.
O que ocorreu na Grécia nesse período foi uma decadência social, entretanto, não podemos dizer o mesmo da sua arte. Houve perdas e ganhos.
A mitologia quase que desaparece, mas os heróis estão em destaque.

Notas

1- A palavra mitos aparece não em sentido literário e sim em relação à mitologia
2- Onde se lê lenda quer se dizer história dos mitos
3- Considerando: Gaia a primeira, Urano a segunda e Crons a terceira
4- De acordo coma outra versão da lenda, Zeus nasceu na ilha de Creta
5- Curetes: Gênio que executavam danças ruidosas em torno de Zeus para evitar que Cronos ouvisse seu choro
6- Ninfas: Divindades secundárias, com aparÊncia de mulheres jovens e belas, que personificam elementos da natureza
7- Derivado de Aigis uma referência a cabra- Áix, em grego
8- Divindade da geração pré-olímpica
9- Em nenhuma fonte consultada fica claro se Zeus mata Cronos
10- Há uma lenda que diz que a cada geração divina nasce um deus que deverá ser governante
11- Todo aquele que quebra o jejum no inferno é condenado a permanecer lá

Bibliografia

COMMELIN, P. Mitologia Grega e Romana. Trad. Tomaz Lopez. Rio de Janeiro, EDIOURO.


GOMBRICH, E.H., A História da arte. Trad. Phaidon Press Limited, de Oxforf, Inglaterra. Rj. Zahar Editores, 2ªed., 1972.


HAUSER, Arnold. História social da literature e da arte. São Paulo. Editora Mestre Jou, 1982


HESÍODO. Teologia. Trad. Do original grego e comentadp por Ana Lúcia Silveira Cerqueira e Terezinha Áreas Lyra. Niterói, UFF, 1ª ed., 1979.


KURY, Mário da Gama. Dicionário de Mitologia Grega e Romana. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editora Ltda, 1990.


MÉNARD, René.Mitologia e Arte. Trad. Aldo Della Mina, São Paulo. Editora das Américas S.A., 1965.


PLATÂO. Diálogos.trad. Leonel Vallandros. RJ. EDIOURO, Coleção Universidade de bolso.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Vou reclamar com o Papa!




As coisas estão tão ruins que nem sei se dá para piorar, mas para alguns a vida está realmente muito boa!
Há anos poucos anos atrás, tínhamos conseguido uma grande conquista, a defesa do consumidor. Tínhamos os nossos direitos garantidos. Mas hoje tudo que encontramos são empresas desrespeitando as leis e nada sendo feito.
A light que deveria ser uma empresa respeitável, na minha opinião, vem deixando muito a desejar. Todos os dias falta luz em minha residência! Quando não falta oscila.
Fiz então a minha reclamação a empresa que colocou um medidor no meu poste que deveria analisar a energia durante uma semana e adivinhem? Durante uma semana exata a luz não faltou, nem oscilou e tive que pagar a utilização do aparelho. O que mais me espanta é há alguns anos atrás o mesmo aparelho constatou que a energia que entrava em minha residência estava abaixo do permitido e me prometeram que fariam os ajustes necessários. Se fizeram, está na hora de fazerem de novo, pois a qualidade do serviço está ruim, mas agora só reclamando com o papa!
Eu comprei um terreno em um condomínio fechado com clube privativo. Isso é o que diz o meu contrato, mas a verdade é que estou morando num lamaçal e todos que entraram com processo contra a imobiliária não conseguiram nada além de aborrecimento.
Lógico que alguns espertos se aproveitaram do fato do condomínio para meter uma corrente na entrada e nos obrigar a pagar uma taxa mensal. E não adianta reclamar, pois se a pessoa não paga e tem carro é obrigada a descer para baixar a corrente. Se receber carta registrada ainda é pior, pois eles impedem o correio de entrar e não recebem as cartas de quem não paga!!!!!!!!!
Por falar nos correios, eu entrei em contato com a empresa para exigir que minha correspondência fosse entregue em minha residência e eles me responderam que mesmo não sendo uma portaria de verdade, eles continuariam a deixar as minhas cartas lá.
Então é assim? Qualquer um pode fechar uma rua e construir uma cabine que o correio reconhece como condomínio e deixa a correspondência de todos os moradores lá?
Que lei é essa?
Mas não teve conversa com os correios, pois eles afirmam que enquanto tiver essa cabine vai continuar deixando as minhas cartas lá e eu vou continuar refém dessas pessoas, que já deu para perceber que têm índole duvidosa, pois devolveram na cara dura uma correspondência minha registrada e me disseram que nem mesmo havia passado o carteiro!
O mais incrível é que os imbecis se esqueceram que pela Internet dá para se rastrear quase tudo!
Tem mais, muito mais...
Ano passado, depois que meu marido teve uma crise de hérnia de disco, resolvemos fazer um plano de saúde que fechou e eu, que estava processando eles, fiquei sem atendimento, sem devolução, sem o meu dinheiro e ninguém pode fazer nada!
Falando em não fazer nada, me lembrei de meu problema mais atual: o celular do meu marido.
O caso é o seguinte: Depois de muito tempo meu marido resolveu trocar o tijolão dele por um celular menor. Nem bem se passaram 8 meses, e o celular parou. Tudo muito natural e fácil de resolver, se esse fosse um país sério, mas o fato é que a Nokia, fabricante do aparelho está com ele até hoje e nada se resolveu.
Há leis para esse caso: O artigo 18 do Código de defesa do consumidor prevê que se um aparelho celular não tiver o seu problema resolvido em 30 dias, o fabricante tem que dar um aparelho novo. Isso tudo é muito bonito e interessante, mas a verdade é todos nesse país estão de férias até o fim do carnaval e se não gostar que vá falar com o papa!
De que adianta ter um monte de leis se não temos como fazer cumprir?
De que adianta um tribunal de pequenas causas que deixa um processo correr por 9 meses até que a empresa simplesmente feche e não possa mais ser processada?
Como pode uma empresa do porte da light fornecer energia de ótima qualidade apenas quando tem um medidor da ANEEL no poste?
Como é que 20 pessoas conseguem fazer 208 famílias de reféns de suas vontades dentro de um loteamento e ninguém consegue sequer registrar uma queixa na polícia contra elas?
E os correios hein? Que vergonha mais vergonhosa!! Quer dizer que é só colocar uma correntinha para se reconhecer um condomínio?
E quem diria que um empresa tão respeitada quanto a Nokia ia fazer um papelão desses?
Pois bem! Vou me queixar ao papa!
Quem sabe possa resolver fazer orações para melhorar o nosso país?

sábado, 19 de janeiro de 2008

O tamarindo


Hoje, mexendo em minha bolsa encontrei vários frutos de tamarindo, ainda fechadinhos, que trouxe de meu final de semana em Paquetá.
Se não tivesse mais nada para me deixar maravilhosa, só a aparência do fruto bastaria.
Sentei-me na minha varanda e comecei a quebrar os frutinhos e me deliciar com o quebrar das casquinhas e a “pequena bala” azedinha.
Enquanto sentia o sabor ficava me lembrando do final de semana em Paquetá e das pessoas com quem convivi nesses 2 dias. Pessoas que conheci em uma comunidade do Orkut através de um velho amigo de faculdade.
Quando se anda por essas comunidades do Orkut percebe-se um ranço, uma mágoa entre as pessoas que é algo que envenena a maioria das comunidades e não se tem a menor vontade de entrar em contato com ninguém.
Eram 13 pessoas praticamente desconhecidas que iam conviver juntas durante o final de semana.
Na chegada houve uma euforia, uma necessidade de ver pessoalmente aqueles com quem se conversa e se debate por trás do monitor. Tudo é muito diferente quando se fala pessoalmente. As palavras fluem com uma carga de sentimento muito maior e é muito difícil medir os sentimentos no calor da discussão.
A cada tamarindo que deliciava a minha boca lembrava de uma pessoa que esteve comigo com muito carinho.
Vejo tantas pessoas sozinhas e reclamando que não há mais amor, carinho e compreensão entre os seres humanos e lá estávamos nós num final de semana perfeito, repleto de amor, carinho e principalmente respeito entre nós.
Acho que o que falta entre as pessoas hoje em dia é um grande respeito às suas individualidades, respeitar o outro como ele é sem tentar moldá-lo aos seus modos.
Faz muito tempo que não me sinto tão acarinhada por amigos como me senti nesse final de semana. Justo eu que há muito perdi a esperança na amizade e nas pessoas, estou aprendendo ou reaprendendo o que é amor entre os seres humanos!
Sentada na minha varanda fiquei imaginando que pessoas são como frutinhas.
Não ria, meu amigo Edmilson, mas é isso mesmo!
Umas são mais docinhas, outras mais azedinhas, umas vermelhinhas outras verdinhas ou amarelinhas, mas todas têm que as aprecie.
Fazendo uma outra analogia, posso dizer que as pessoas que conheci são como pérolas, uma diferente da outra, mas cada uma com altíssimo valor.
Quando eu não tinha um computador em casa e ficava ouvindo meus irmãos falarem do Orkut, imaginava ser uma coisa completamente diferente. Imaginava ser um lugar legal onde se conhecia pessoas e se fazia amigos, mas com menos de um mês de conta percebi que era justamente o contrário.
Sempre gostei de ter amigos, passear, me corresponder, encontrar pessoas do meu passado e achei que o Orkut fosse o lugar ideal para isso, mas tudo que encontrei foi um monte de gente ressentida que senta em frente ao computador para ver se consegue estragar o dia de alguém deixando essa pessoa aborrecida.
As pessoas que freqüentam a maioria dessas comunidades são pessoas tão bem resolvidas que não têm coragem de mostrar a sua verdadeira identidade, usando o que eles chamam de FAKE para não ter a sua vida vasculhada e as pessoas chegarem à conclusão de que ele não passa de um “João ninguém” que não tem nada a acrescentar.
Quando meu amigo Ed me convidou para fazer parte da sua comunidade eu aceitei, pois me pareceu uma coisa inofensiva, diferente das demais. Não imaginava que poderia realmente encontrar pessoas que, como eu, ainda se importasse com os sentimentos dos outros.
Esse encontro em Paquetá me mostrou que ainda podemos fazer amigos pelo Orkut, que o sentido da coisa não se desvirtuou completamente, basta que você procure por agulhas no palheiro e saiba analisar as pessoas pelos seus gestos de carinho e não pelo que fala.
Muito engraçado para mim, falar sobre as pessoas que conheci, pois fazia uma idéia muito diferente delas ao ler o que escreviam. Muitas vezes escrevemos de uma forma agressiva, não sei se por defesa, por não saber quem é o outro, muitas vezes para não dar falsas esperanças a quem quer que seja.
A Internet uniu as pessoas de uma tal forma que podemos nos comunicar com o mundo inteiro através de um pequeno clique. Porém o mundo é muito grande e algumas pessoas se aproveitam do anonimato e da ingenuidade das pessoas para projetarem as suas doenças, se é que me entendem.
Quando o meu amigo Ed me convidou para um encontro da sua comunidade, nem por um segundo eu tive receio ou medo, apesar de estar indo para uma casa de uma pessoa que tinha conhecido muito rapidamente e para me encontrar com algumas pessoas desconhecidas. O amor, carinho, preocupação com o ser humano e o respeito que as pessoas dessa comunidade manifestam uns pelos outros é o suficiente para que todos nós nos sintamos seguros uns com os outros.
Certa vez estava conversando com umas pessoas em um aniversário e uma pessoa me falou na dificuldade de encontrar textos sobre um determinado assunto e eu a aconselhei a procurar na Internet. Imediatamente essa pessoa me respondeu que todos os membros de sua igreja estavam proibidos de entrar na Internet porque o pastor havia dito que era coisa do demônio. Na hora eu fiquei indignada, revoltada mesmo,mas hoje, parando para pensar posso não atribuir a Internet ao demônio, até porque não acredito em demônios, mas tenho que admitir que ela nos coloca em contato direto com todos os tipos de pessoas, até mesmo aquelas que normalmente são afastadas do convívio social por causa de suas parafilias.
Essas pessoas se sentem seguras por trás do monitor e invadem nossa sem a menor cerimônia com seus vídeos, suas músicas, depoimentos e discursos de psicopatas.
Isso nos transforma em pessoas a cada dia mais temerosas, como se não bastasse a violência urbana que nos impede de ir para todos os lugares que desejamos, ou se vamos, não temos a certeza de retornar.
O computador se tornou a mais nova arma nas mãos de pessoas doentes que vivem para fazer mal aos outros!
Eu não acredito que o computador seja algo sobrenatural e maligno, mas que ele nos coloca em contato com pessoas muito ruins, isso é verdade!
Difícil é imaginar que através dele pude conhecer pessoas tão maravilhosas quanto as que conheci nesse final de semana em Paquetá!!!!
Queria agradecer a cada um dos 11 anjos que me proporcionaram 3 dias no paraíso!
Beijos para todos!

Protestos aos ventos


O que estaria acontecendo com o orgulho de ser brasileiro?
Por onde anda o povo que se ufanava, batia no peito e gritava pelas ruas?
Por que cansamos de lutar por nossos ideais?
Por que deixamos que nossa luta pela sobrevivência sufocasse nossos sonhos?
Por que será que eu não acredito mais em palavras ditas sem que enxergar entrelinhas?
Pensava estar ficando velha, amadurecendo. Pensava que os anos havia me roubado o vigor da juventude e a vontade de lutar por um ideal, mas foi pior, muito pior do que a o tempo com seu implacável sopro devastador e incessante.
Roubaram-me sim a vontade, os ânimos, mas não posso culpar o correr dos anos por isso. A minha falta vontade foi roubada pelo ser mais maligno que habita a face da Terra: o homem e sua infindável ganância!
Os poderosos estão cada vez mais poderosos e sufocam o povo, que é obrigado a lutar cada dia mais por sua sobrevivência, perdendo a capacidade de sonhar, por cansaço da lida, por trabalhar tanto que até sonhar cansa!
“A vida é assim mesmo” – falam os mais velhos.
Mas antes havia a esperança na juventude, afinal “o Brasil é o país do futuro”.
Ou será que deixamos de ter um futuro? O Armageddon está para chegar e esqueceram de me avisar? Isso é uma coisa muito provável, afinal para que informar algo tão importante para uma pessoa simples, ignorante e ainda por cima descrente em deus?
Posso estar falando uma grande besteira, mas há alguns anos, pelo menos os serviços básicos de atendimento ao cidadão funcionavam. Não faltava tanta água, luz ou médicos nos postos de saúde.
As autoridades culpam o crescimento demográfico, mas de quem é a culpa pelo tal crescimento demográfico?
Eu, que não passo de mais de uma desvairada, culpo os poderosos por não estabelecer políticas de controle de natalidade. Porém, quem sou eu senão mais uma louca que lança suas palavras ao vento para que junto com ele percam suas forças até que não atinjam mais sequer uma mosca.
Sinto-me sufocada pela tempestade de pessimismo e desilusão que assola o planeta.
É triste, mas enquanto todos criticam a guerra nos paises muçulmanos, eu os invejo por ainda ter um ideal porque lutar.
Juro queria acreditar, muito, mas não consigo ter fé olhando para os homens que pregam a fé e tem os olhos toda a dor de viver.
Já não sei mais qual o limite entre a verdade e a mentira, o certo e o errado. Sinto-me perdida entre devaneios enlouquecidos de quem quer acreditar nas pessoas e num mundo melhor e na realidade cruel e devastadora pintada com cores berrantes e estampadas na mente das pessoas, mais do que isso, estampada em seus semblantes.
Lanço meu protesto: Abaixo a ganância!
Isso mesmo! Queremos apenas o que é nosso de direito!
Queremos apenas o básico para ser feliz: Pagar e receber essa coisa em troca sem que um subterfúgio qualquer de uma lei nos impeça de ter.
Quero pagar a minha luz sem que o serviço seja interrompido todos os dias por culpa da falta do gás boliviano. Eu não conheço a Bolívia, nada me interessa uma política internacional que só me prejudica.
Estou com um ódio de morte dessa política social que distribui esmola para o povo, iludindo a população, enquanto crianças morrem de pneumonia e jovens de AIDS.
“Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente”.
Nós quem “cara pálida?”.
Eu vejo um mundo doente, talvez pela sua breve passagem pela Terra você tenha visto também, mas nosso povo tem alma indígena e, como tal, continua se iludindo.
Uma vez li um texto sobre uma determinada guerra em que país rival traficava ópio, estrategicamente, para o exército inimigo, deixando-o entorpecido e, com isso venceu a guerra com facilidade.
Mais ou menos o que está acontecendo nesse momento no nosso país, mas o “ópio” do nosso povo é a esmola para alimentar os filhos.
Ou seria uma nova versão do espelho oferecido aos nossos indígenas?