sexta-feira, 20 de setembro de 2013

A minha peregrinação pelo serviço público de saúde




Nessa segunda fez exatamente uma semana que eu entrei em contato com a Clínica da Família Dr. Dalmir de Abreu Salgado.
Lógico que entrei em contato e nada aconteceu.
O que as pessoas que trabalham no serviço público esquece é que existe uma coisa chamada OUVIDORIA.
Mas não pensem que a coisa é fácil assim, nada nesse país é. Você reclama, a unidade entra em contato, dá uma desculpa esfarrapada para a ouvidoria e diz que basta você aparecer na unidade que será atendido de maneira prioritária.
A gente se engana, achando que isso realmente vai acontecer e vai até lá na esperança de ser atendido, entretanto, eles te "cozinham" durante uma manhã inteira e depois "te chutam" para o mês que vem - e ainda te olham com aquela "cara de monstro", tipo: "Gostou? Você reclamou e nós não estamos nos negando a te atender, porém, você depende de nós e agora vai esperar".
Só que eles também esquecem que, não sendo o acordado, podemos voltar a reclamar e, quando isso acontece, uma simples justificativa não bastará para a ouvidoria.
Após ir a tal unidade e ser "chutada" entrei em contato, de novo com a ouvidoria e, milagrosamente uma consulta apareceu, para mim, para a próxima quarta.
Mas vamos lá: Quando reclamei da primeira vez a agente ligou para minha residência e disse para a ouvidoria que esteve na minha casa em junho e que, como não tem hipertenso ou criança, só tem que fazer visitas de 3 em 3 meses.
Vamos lá: Realmente, em junho ela esteve na minha casa gritando o nome de outra moradora do condomínio, quando falei que era na casa ao lado ela me perguntou se eu estava precisando de algo da clínica, como disse que não, ela foi embora e pronto!
Ela me conhecia tanto que, quando foi obrigada a vir a minha residência, ficou perdida pelas ruas do condomínio, me ligando do celular até eu ir para a porta e acenar para ela.
Quando finalmente me encontrou, disse que marcaria uma consulta para mim e que, se precisasse de algo que eu poderia procurá-la de manhã na clínica. 
Estive lá na quinta, sexta e nada.
Na segunda, meu marido que é uma pessoa cabeça quente, foi lá com uma cópia da resposta que eles deram para a ouvidoria - dizendo que eu seria atendida se fosse lá - e foi quando todo o resto aconteceu.
A conclusão é que, após tantas reclamações, a clínica está sob intervenção, isto é, pagarão por todos os pecados de todas as clínicas da família e serão espremidos até se tornarem um exemplo para os demais.
Sinto muito, mas tudo poderia ter se resolvido da melhor forma possível.
Lógico que, se eu estivesse de braços cruzados esperando algum tratamento, estaria cheia de bolinhas coçando e, talvez estivesse com febre e muito pior.
Como todo brasileiro, estou tomando banho com sabonetes medicinais e usando loções para pele, mas não sou médica e, não sei se é o melhor tratamento.
Assim que as coisas forem evoluindo, volto para contar mais um capítulo da minha sina.
Uma coisa que esqueci de mencionar: Ontem, quando a agente de saúde veio em minha residência trazer a tal consulta, se queixou porque a gente reclamou e agora a clínica estava sob intervenção e disse que só não trouxe a consulta antes porque não tinha ido trabalhar. 
Resumindo: Ela foi trabalhar na quinta, quando eu reclamei a primeira vez e ela veio até minha casa e só voltou uma semana depois porque eu reclamei de novo!


OBS - Nem bem terminei esse texto e vi uma propaganda da prefeitura dizendo que investiu um milhão e meio de reais nas Clínicas da Família.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Dois mais dois não dá três












O povo foi às ruas no domingo, em dia de eleição para mudar o país e o país mudou, mas não agradou.
Então o povo voltou a ocupar as ruas e exigiu mudanças, mas elas não aconteceram.
Os governantes foram para as urnas e votaram para que o povo não possa mais ir para as ruas sem autorização.
E para haver hoje uma manifestação é exigido que se peça permissão.

Uma questão complicada





Nas últimas eleições para prefeito do Rio de Janeiro, estava voltando para casa de van, pois onde moro o transporte alternativo é mais do que alternativo, é uma necessidade, e ouvia o motorista dizendo a um conhecido que "eles" - acredito eu que se tratava de outro motorista de van - tinham que "fechar" com o Eduardo Paes, pois prometeu regulamentar o trasporte.
Eu, que já não acreditava que as coisas podiam melhorar em nada, ouvia calada e ficava pensando se ainda não podia ficar pior.
Nesse meio tempo eu vi o Brasil "ganhar" a sede da Copa das Confederações, da Copa do Mundo e o Rio de Janeiro ser eleito para sediar as Olimpíadas.
Isso, é claro, sem falar na visita do Papa na Jornada mundial da Juventude.
Todos esses eventos trazem ganhos para o país seja na infraestrutura, seja no turismo e desenvolvimento.
O que eu me pergunto é se um país que tem tantos problemas estruturais deveria realmente investir tanto para sediar tais eventos.
Vejam nosso sistema de transporte, por exemplo, é vergonhoso comparar um trem da Supervia com o trem bala Japonês inaugurado em 1964!
Em 1964 os trens no Japão já eram melhores do que os que temos hoje em 2013 no Rio de Janeiro.
Mas voltando a vaca fria, para receber a tal Copa das Confederações, os estádios de futebol foram reformados para seguirem o "padrão FIFA" e, com isso foram gastos alguns milhões. 
É uma pena que a FIFA não tenha pensado em exigir o mesmo padrão para os hospitais, por exemplo, pois assim nosso sistema de saúde estaria um pouquinho melhor.
Pouco antes do início da tal copa, houve um aumento de passagem, já previsto e a população resolveu se manifestar contra. Mas não foi uma coisa só contra as passagens, a população resolveu dizer que nunca foi a favor desses eventos que tanto alegraram os governantes quando ganharam a concorrência.
Como assim? 
O Brasil não é o país do futebol?
Como podem vaiar o presidente da FIFA e a presidente do país no dia da abertura?
Houve muitas manifestações, muito quebra quebra, muito sentimento de patriotismo e tudo ficou esquecido após a visita do Papa Francisco.
Sobre a visita do Papa há uma consideração que gostaria de fazer: O Capus Fidei.
O "Campo da Fé" foi construído em uma área de preservação ambiental permanente. Árvores foram derrubadas e sobrou apenas uma grande área com o altar e mais nada. Mas era um nada tão absoluto que choveu e tudo virou lama e o Papa não pode ir até o local.
Agora a área é um nada mais absoluto ainda, pois não tem mais vegetação e nem a lembrança do Papa.
O prefeito chegou a anunciar que o local ia virar um bairro popular. Bairro popular tipo Cidade de Deus?
Como o Papa já é notícia velha, pois vai começar o Rock in Rio, é bem provável que o terreno já tenha sido invadido por algum movimento de sem teto. Depois a prefeitura entra com o IPTU e a promessa de infraestrutura. 
Primeiro o IPTU, depois, ...
No país dos estádios padrão FIFA, os professores do estado do Rio de Janeiro estão em greve há 34 dias e alguns estão acampados em frente a ALERJ.
Isso mesmo!!! No centro da cidade do Rio de Janeiro, em frente às escadarias da Assembléia Legislativa, professores acampam.
Será que esse gesto irá sensibilizar o Sr. Governador que dorme em lençóis de seda e se desloca em helicópteros para não ter contato algum com o cheiro infecto do povo?
Duvido.
Assim como duvido que os problemas básicos da população sejam sequer questionados por essa geração de políticos que está no poder e que parece estar mais preocupada em festejar e esconder os problemas sociais jogando pelos ralos da corrupção. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Sistema de saúde





Se tem algo que realmente anda mal das pernas no Rio de Janeiro é o sistema de saúde, aliás, me pergunto se algo além do helicóptero do governador está funcionando.
Quando essa onda de protestos começou, pensei que talvez, apenas talvez, algo pudesse realmente ser feito para mudar a situação do carioca que já está cansado de promessas e nenhuma solução.
Cheguei a ver políticos que sempre tiveram o apoio da população serem cobrados e vaiados, mas tudo não passou de mais uma ilusão.
Por não ter plano de saúde, todos os dias eu rezo para não ficar doente e nem precisar ir ao médico por motivo algum, mas de uns quinze dias para cá, apareceram erupções na minha pele que coçam muito e estão se alastrando.
Quando apareceram as primeiras erupções eu pensei se tratar de uma alergia a uma picada de inseto e não dei muita importância, mas coçava muito e resolvi tomar um antialérgico por conta própria.
No dia seguinte tinha a barriga, braços e pernas cheios de pintas que coçavam muito.
Como era um sábado eu só poderia procurar atendimento em uma UPA - Unidade de Pronto Atendimento. 
Não tem muito o que se falar sobre essas unidades, pois elas prestam ao papel a que foram criadas: atendimento emergencial para casos que não necessitam internação imediata. 
E assim foi. O atendimento não demorou mais que uma hora. Fui atendida, medicada e ainda trouxe remédio para continuar tomando em casa.
Entretanto, o médico me disse que, caso o problema persistisse eu deveria procurar um posto de saúde - momento tenso...
Na segunda feira, eu continuava com o corpo com as marcas e a coceira ainda estava pior e como tem uma clínica da família bem ao lado da minha casa, marchei bem cedo para lá.
O nome é bem bonito e sugestivo: Clínica da Família.
Chegando lá fui informada que não podia marcar consulta com médico algum e que deveria aguardar a visita do "agente de saúde" em minha residência. 
Ótimo, deixei meu nome e endereço e aguardei.
Como o agente não veio, meu marido usou o número de telefone que a prefeitura disponibiliza para que o cidadão reclame.
Terça feira, na parte da tarde a agente de saúde tentou me convencer de que passava mensalmente pela minha casa, mas não encontrava ninguém. Quando frisei que não estava trabalhando e que raramente saía de casa, senti que que quem ficou tensa foi ela.
Hoje, quarta feira, a agente veio até minha casa, tentando me convencer de que o problema era que o endereço estava errado na ficha - como se não fosse obrigação dela passar pela minha casa - e que se não tinha criança ou hipertenso, o agente deve passar uma vez a cada quatro meses na residência. Que fosse, acontece que ela nunca passou!
Para que servem as clínicas da família?
Para quase nada, pois cada equipe possui apenas um clínico geral, um enfermeiro e um técnico de enfermagem.
Quando se fala em clínica, as pessoas pensam que vão encontrar médicos de várias especialidades e que vão poder cuidar melhor da sua saúde, mas não é o que ocorre, pois os bairros são divididos por equipes com um agente que deveria visitar as residências de uma determinada região, um médico - clínico - um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e um dentista.
A agente de saúde me garantiu que até o final do mês eu consigo uma consulta com o médico responsável pela minha região e que ela irá trazer o marcação na minha casa!
Nossa! Se for uma micose, quando for marcada a tal consulta eu já estarei podre.
Se for uma alergia, provavelmente não precisarei mais da consulta, pois estarei morta. 
Se for contagioso, bem, posso ter infectado a agente que certamente terá atendimento ou que, na pior das hipóteses, vai infectar a região inteira, talvez assim haja algum tratamento...
Outra coisa que fiquei intrigada, foi quando a agente disse que, mesmo não sendo obrigada a visitar a nossa residência porque nela não tinha nenhuma criança nem hipertenso, a gente poderia procurá-la na clínica pela manhã lá pras oito e quinze, oito e meia, porque já tinha dado o tempo dela chegar, tomar um café, uma água...
Achei muito interessante descontar o tempo do enrolation no horário de serviço.
Vamos falar a verdade? Essa coisa de clínica da família foi a pior bosta que já enfiaram pelas nossas goelas a baixo!
Melhor seria ter mais postos de saúde, pois no posto tem mais do que um clínico para atender.
Sinceramente, não sei o que passa pela cabeça dos políticos no Rio de Janeiro, mas eu sei que já estou cansada de ver idéias esdrúxulas que servem apenas para alimentar o propinoduto e, o que me parece, é que essas clínicas da família não servem mais do que a isso.
Sei que a política muda, o partido que está no poder muda e acabamos com um montão de estruturas que não servem mais para nada - serviram como valas despejo de dinheiro para os bolsos de alguns - e acabam abandonadas, sem serventia nenhuma ou pior, fonte de gasto de manutenção.
Da prefeitura passada nós ficamos como herança a CIDADE DAS CRIANÇAS, a CIDADE DA MÚSICA e a CIDADE DO SAMBA - essa as escolas de samba fazem funcionar e o TERREIRÃO DO SAMBA, onde vez por outra tem um evento. 
A nossa cidade ainda sofre do EFEITO BRIZOLÃO. isto é, foram construídos tantos CIEPS que alguns, não tendo criança suficiente para funcionar - por ter sido construído em descampados ou muito próximo de outro CIEP - foram utilizados para servirem de quartel para bombeiros ou sede para algum órgão sem sede.
Quando votamos, assinamos um cheque em branco para que os políticos façam o que bem entenderem, até mesmo obras que, nitidamente, só servem para alimentar as valas da corrupção.